Oficinas para a construção de uma Comunidade Orgânica são a nova atividade oferecida a participantes do Projeto Maré Alta no bairro de Cambury, em Ubatuba, Litoral Norte de São Paulo. O Projeto Maré Alta tem apoio do Instituto Arcor Brasil, como parte da nova edição do Fundo Comunidade em Rede.
A comunidade de Cambury é formada basicamente por pescadores e caiçaras. Lugar de difícil acesso e comunicação, seus moradores têm hábitos tradicionais, rica cultura e uma vida de contato estreito com a natureza. Todas as manhãs, os pescadores saem para o mar em busca dos peixes utilizados na alimentação e eventual comercialização.
As oficinas para a construção de uma Comunidade Orgânica no bairro serão coordenadas pela bióloga Jane Fernandes, que tem formação em Nutrição e Dietética. Durante anos ela trabalhou no Projeto Tamar em Ubatuba e atuou na primeira fase do Projeto Maré Alta, como consultora das oficinas de costura criativa.
O objetivo das oficinas, segundo Jane Fernandes, será contribuir para a modificação da relação dos moradores com os alimentos, de modo a evitar desperdícios, cuidar do meio ambiente e exercer o consumo consciente e a geração de renda.
“Não serão oficinas de culinária, de elaboração de receitas, mas algo mais amplo. O propósito é que as participantes cuidem de todo o ciclo envolvido, desde o plantio e a colheita até a destinação final, evitando-se o descarte inadequado de resíduos”, diz a bióloga.
Haverá, sim, nas oficinas, a prática de receitas de alimentos saudáveis e sustentáveis. Entretanto, elas também vão contemplar aspectos como estocagem dos alimentos, boas práticas de higienização e de congelamento, compostagem caseira e cultivo de hortas orgânicas, com informações sobre o benefício dos alimentos integrais e orgânicos e da gastronomia alternativa.
“Planejar as compras, escolher os alimentos, preparar as refeições, consumi-las e cuidar minuciosamente dos resíduos são ações de extrema importância e as oficinas vão tratar disso”, afirma Jane Fernandes. Ela entende que, com essas práticas, serão incentivados hábitos e práticas alimentares mais saudáveis, em benefício das famílias e comunidade em geral.
Será dado destaque, por exemplo, para a valorização de cascos, talos e sementes geralmente descartados e que podem ser reutilizados como ingrediente de pratos saudáveis e refletindo a preocupação com o meio ambiente. Cada oficina será iniciada com uma roda de conversa sobre tema relevante. “Comer pode se transformar também em uma poderosa fonte de meditação”, acrescenta a bióloga.