O dia 16 de dezembro de 2017 foi particularmente agitado na praia do Prumirim, em Ubatuba. O cardápio especial do restaurante Jundu oferecia o lançamento dos produtos da Gastronomia Social proposta pelo Projeto Maré Alta, envolvendo moradores da comunidade tradicional do Camburi. O Projeto Maré Alta foi apoiado pelo Instituto Arcor Brasil, como parte do Fundo Comunidade em Rede, do Bloco Brasil da RedEAmérica.
Implementar e fortalecer redes comunitárias de desenvolvimento local eram o propósito do Fundo Comunidade em Rede, que teve seu encerramento no final de 2017. Participaram do Fundo organizações de investimento social privado associadas à RedEAmérica. Além de apoiar os projetos Maré Alta, em Ubatuba, e Fala Comunidade em Ação e Bragança Articulada em Rede, em Bragança Paulista, o Instituto Arcor Brasil foi o gestor financeiro do Fundo Comunidade em Rede.
Protagonismo no Camburi – Moradoras no Camburi, Maria Aparecida Santos, Day Santos e Juçara Soares estavam especialmente animadas na apresentação dos produtos que elas mesmas confeccionaram, em função da proposta de Gastronomia Social do Projeto Maré Alta. Elas e outras moradoras do Camburi, como Alice Santos Soares e Elizane Santos, participaram de várias oficinas, coordenadas pela bióloga Jane Fernandes, voltadas para o consumo consciente, a geração de renda e redução do desperdício.
A partir das oficinas, o grupo passou a utilizar a gastronomia local como plataforma de transformação de projetos de vida, pela mudança nos hábitos alimentares ou pelo protagonismo na geração de renda na comunidade caiçara. “Priorizamos orgânicos, valorizamos o produtor local, suas raízes na gastronomia e os alimentos do nosso entorno”, explica Jane Fernandes, que coordenou as ações para um grupo formado por 14 mulheres no total.
Geleia de pimenta e Cambuci, caponata de casaca de banana e biopão (pão de biomassa de banana verde) foram os produtos disponibilizados para degustação no dia 16 de dezembro. Mas as atividades da proposta de Gastronomia Social não terminaram por aí. No dia seguinte, no Camburi, as 14 mulheres que participaram do curso receberam certificado e um caderno com as receitas aprendidas.
Foi o momento, também, de fazer um balanço da trajetória do curso, iniciado em março de 2017, com oficinas nas quais Jane Fernandes destacou os benefícios da biomassa de banana verde, uma das frutas mais típicas da identidade cultural e social daquela região do Litoral brasileiro.
Com base na biomassa de banana verde, explicou Jane, poderiam ser produzidos itens culinários como caponata, espaguete, nhoque, molho de tomate orgânico e caseiro, molho pesto orgânico, brigadeiro, base para tortas e bolos e maioneses.
Houve uma nítida evolução das participantes nos conceitos da Gastronomia Social e Sustentável, até a apresentação dos produtos em dezembro. Troca de experiências com outros grupos e constatação de que as dificuldades são as mesmas; divulgação dos produtos; aprendizados diversos; vendas dos produtos; saída do território onde vivem – estas foram algumas conquistas identificadas pelo grupo de mulheres participantes. Cada produto apresentado ainda continha rotulagem com especificações nutricionais.