ENCONTRO EM CONTAGEM ENCERRA EDIÇÃO DO PROGRAMA ESCOLA EM MOVIMENTO

10 julho 2014
ENCONTRO EM CONTAGEM ENCERRA EDIÇÃO DO PROGRAMA ESCOLA EM MOVIMENTO

As dez escolas públicas de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG), que participaram da terceira edição do Programa Escola em Movimento, estiveram representadas no encontro de encerramento da iniciativa, no último dia 13 de setembro. O evento aconteceu no Actuall Convention Hotel, em Contagem, e foi marcado pelo relato dos aprendizados e identificação dos desafios enfrentados pelos dez projetos.

O Programa Escola em Movimento é uma ação corporativa do Grupo Arcor, na Argentina, Brasil e Chile, e visa estimular a vida ativa através do movimento. Os projetos das escolas públicas contemplados recebem apoio técnico e financeiro. As duas primeiras edições brasileiras foram na região de Piracicaba (SP) e na Região Metropolitana de Recife (PE) e a terceira edição, em Contagem. A quarta edição está em curso em Bragança Paulista (SP).

Ensinamentos e desafios – A coordenadora de programas socioeducativos do Instituto Arcor, Milena Drigo Azal, lembrou na abertura do encontro que o incentivo à vida ativa é um dos eixos estratégicos da política de sustentabilidade do Grupo Arcor.

É neste contexto que ocorre o Programa Escola em Movimento, que já representou o apoio a 120 projetos nos três países, com 25 mil crianças e 1.500 educadores beneficiados e mobilizados. O Programa não implica apenas apoio financeiro, ressaltou. “Também acontecem visitas técnicas aos projetos, encontros de formação com os educadores envolvidos e registro jornalístico e fotográfico. É uma verdadeira parceria”, completou Milena. De qualquer modo, lembrou que o Programa envolveu o investimento de R$ 250 mil em Contagem, entre apoio direto aos projetos e realização de formações e outras atividades de apoio técnico.

O gerente da planta da Arcor do Brasil em Contagem, Santiago Ayraldo, valorizou o trabalho das escolas e destacou a importância do trabalho com a comunidade, com ênfase na educação. O gerente lembrou que a fábrica da Arcor está localizada no distrito industrial de Contagem, onde praticamente não há moradores nas proximidades. Daí a relevância do apoio a projetos em outros bairros, sempre com o foco na ampliação das oportunidades educativas para crianças e adolescentes.

A animação do encontro final do Programa Escola em Movimento em Contagem esteve por conta do escritor e pesquisador de brincadeiras populares Adelsin. E ele promoveu muita brincadeira e muita dança com os educadores presentes. “Quero que cada um de vocês lembre do tempo de criança, mas não como algo nostálgico e sim como valorização do potencial criativo presente na infância. Este potencial permanece em cada um de nós”, acentuou.

Adelsin lembrou que projetos educacionais, com foco no brinquedo e no movimento, têm uma dimensão diferenciada em grandes centros urbanos como Contagem e em toda Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Nestes territórios os espaços para as crianças brincarem estão cada vez mais limitados. Então é essencial que as escolas promovam estas oportunidades, o que pode ser feito por meio de iniciativas como o Programa Escola em Movimento”, comentou.  

Novos espaços construídos, esportes não conhecidos aprendidos pelas crianças, famílias envolvidas nas atividades da escola são as marcas dos dez projetos apoiados em Contagem,  pelo Instituto Arcor Brasil, como parte da terceira edição do Programa Escola em Movimento. Os projetos estão sendo encerrados em 2017 e deixam um legado de muitas ações e estruturas permanentes nas escolas. A narrativa dos coordenadores dos projetos, em sua maioria professores de Educação Física, esteve centrada nos ganhos de cada um deles, mas também nas dificuldades encontradas.

A Escola Municipal “Ana Guedes” desenvolveu o projeto “Esportes não convencionais na escola”. A professora Glauce Leonel enfatizou o desafio representado pela introdução de esportes não muito conhecidos entre os alunos, como o badminton e o slackline. “No princípio houve um estranhamento, depois uma aceitação geral”, resumiu, observando que com o tempo o projeto passou a incluir os alunos das primeiras séries do ensino fundamental. Também citou que o projeto abrangeu o oferecimento de ginástica para os próprios educadores da escola. “Houve muita aceitação, sobretudo de funcionários da cozinha. Tivemos até que adaptar o horário do almoço”, informou.

A EM “Padre Joaquim de Souza Silva”  executou o projeto “Escola em Movimento pela Paz”, motivado justamente pela necessidade de ações de prevenção à violência e disseminação da cultura da paz na região onde atua. E nesse sentido foi determinante a maior aproximação com a comunidade, o que ocorreu sobretudo pelas oficinas de ginástica para as mães, ressaltou a diretora, Juliana Lott.

“As mães se tornaram parceiras mesmo. São cerca de 40 mães que nos ajudam em várias atividades, como na monitoria nos horários de intervalo”, disse a diretora. Yasmin Francieli Marques, que já estudou na escola, participou do encontro representando a sua mãe, uma dessas que se tornaram assíduas colaboradoras. Já a articuladora comunitária Elida Vieira lembrou que o projeto também permitiu atividades como visitas ao Museu Inhotim e ações com a Defesa Civil.

Já a EM “Sônia Braga”  implementou o projeto “Corporeidade, Expressão e Futuro”. A diretora Janete Romão contou que inicialmente a escola havia pensado na estruturação de uma brinquedoteca, mas havia a dúvida se ela poderia ser contemplada, pela necessidade de associação com o incentivo ao movimento. “Vimos que era possível sim e a brinquedoteca se tornou um orgulho para a escola e que permanecerá mesmo com o encerramento do projeto”, comemorou.

A diretora citou que o projeto ainda materializou um antigo sonho da escola: ter uma cama elástica, que passou a ser disputada e muito utilizada pelos alunos. “Nossa comunidade quase não tem espaços, como praças e outros, onde as crianças podem brincar. A escola é uma das únicas oportunidades, daí porque valorizamos tanto esse apoio do Instituto Arcor”, afirmou.

Outra escola que comemora um legado permanente, mesmo depois da finalização do projeto, é a EM “Professor Hilton Rocha”. O projeto “HR: Espaço de movimento” abrangeu a construção de uma mini-quadra de esportes, em um espaço que não vinha sendo utilizado pela escola. “A mini-quadra foi construída em um final de semana. Quando os alunos chegaram para a aula na segunda-feira tiveram uma grande surpresa e desde então a mini-quadra é mais disputada até do que a quadra maior, coberta”, relatou a professora Ohana Alves de Almeida, que atuou na coordenação do projeto e representou a Secretaria Municipal de Educação no encontro de encerramento do Programa Escola em Movimento em Contagem. A educadora notou que justamente a parceria entre Município e Instituto Arcor que viabilizou a construção da mini-quadra.

Planejamento, organização – Outros aspectos foram reiterados no evento, como a importância do planejamento e da organização para que os projetos fossem executados. Foi o caso da EM “Jenny de Andrade Faria”, com o projeto “A dança em movimento”.

“Um projeto estruturado e bem pensado resulta em ganhos muito maiores”, sublinhou a professora Mariele Rosa. Ela destacou que o projeto possibilitou a inserção dos alunos em atividades de dança e envolveu, igualmente, a ampliação cultural, em função das pesquisas que fizeram sobre danças das diversas regiões brasileiras. Além disso, completou, o projeto uniu tecnologia e atividade física. “A tecnologia, que pode induzir à falta de atividade física, também pode ser bem utilizada. Fizemos isso com a aquisição de recursos que permitem o estímulo ao movimento através de jogos em vídeo”, informou.

A EM “Professora Julia Kubitschek de Oliveira”, de sua parte, pôs em prática o projeto “Mova-se: escola que se exercita”. E o projeto mostrou como novas parcerias podem ser estabelecidas por uma escola pública, a partir de uma iniciativa bem estruturada e planejada, evidenciou a professora Marta Cristina Cézar, coordenadora do projeto.

Através do projeto, uma área que estava praticamente ociosa se transformou em um “xodó” da escola, a sala espelhada para prática de dança e teatro. O projeto também viabilizou a estruturação de uma parede de escalada, para os alunos da educação infantil, e fomentou o voluntariado, resultando no Clube de Mães aberto há alguns meses.

O projeto “Acelerando e integrando no ritmo da educação” foi realizado na EM “Prefeito Sebastião Camargos”. Um dos ganhos do projeto, destacou a professora Dulcinara Rezende, foi o desenvolvimento do espírito crítico e a consciência de cidadania nos alunos, através de atividades como a peça “Eleições na floresta”. E também houve ampliação do universo cultural, com a pesquisa das danças regionais brasileiras. “Os alunos se envolveram nos ensaios e também na confecção de roupas e acessórios e isso foi enriquecedor”, sintetizou.

A EM “Vereador Benedito Batista” desenvolveu o projeto “Atividades ao ar livre: saúde e lazer na escola”. Foi outro projeto que levou esportes não convencionais, como badminton e hóquei, para a escola, com a revitalização de espaços da unidade. O projeto contemplou a realização de excursões e atividades como o registro de atividades em um caderno, pelos próprios alunos.

Finalmente, a EM “Otacir Nunes dos Santos” desenvolveu o projeto “Estação Saúde”, que incluiu a montagem de vários equipamentos para a prática de calistenia. Esta é uma metodologia de treinamento que permite a execução de exercícios apenas com o peso do corpo dos indivíduos.

“O projeto evoluiu em função das Olimpíadas, que nos motivaram a pensar em atividades que não acontecem regularmente nas escolas. E os equipamentos vão permanecer na escola, para as gerações vindouras”, comemorou o professor e coordenador do projeto, Jonas Silveira Machado.

“O grande objetivo do programa, de incentivar a vida ativa através do movimento, foi plenamente alcançado”, disse Felipe Brito, que atuou como coordenador local da iniciativa em Contagem. Mas ele ressalta que o Programa evidenciou outras conquistas, como legado tangível e intangível, para as escolas e suas comunidades. “As escolas tiveram ousadia em pensar novas estratégias para motivar as famílias a participar mais nas unidades. E o Programa também se preocupou muito com a valorização do educador, que exerce atividade tão importante mas às vezes a sociedade não a reconhece”, concluiu o coordenador, resumindo algumas das características centrais da terceira edição do Programa Escola em Movimento concluída no Brasil, em Contagem, Minas Gerais.

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